A Itaipu entregou à comunidade um novo recinto no zoológico
Roberto Ribas Lange, no Refúgio Biológico Bela Vista (RBV). O espaço abriga
cinco exemplares de harpia (Harpia
harpyja), feito inédito na apresentação desta ave de rapina que,
normalmente, é exibida em casal. O novo recinto é possível graças a uma
inovação feita pelos profissionais do Programa de Reprodução de Harpias de
Itaipu: a manutenção de ninhos acompanhando todo o desenvolvimento dos filhotes
e das aves jovens.
“Em nossos estudos, percebemos que, mesmo depois da emancipação, a
dependência dos filhotes pelos pais continua grande. Eles voltam para a casa de
vez em quando e precisam de uma referência para isso.”, explica o médico
veterinário Wanderlei de Moraes, da Divisão de Áreas Protegidas. “A grande
sacada do manejo das harpias, então, foi manter o ninho junto com a ave ao
longo de toda sua vida”.
As cinco harpias expostas são filhotes com menos de três anos de
idade. Elas cresceram juntas e ainda não são territorialistas, o que torna
possível a criação de todas em um mesmo recinto. “Esta convivência será
importante para a criação das aves. Os filhotes mais jovens terão contato
visual, auditivo e social com os irmãos mais velhos e isso contribui para seu
crescimento”, afirma.
A convivência de animais de diferentes idades só é possível graças ao
grande plantel de harpias do RBV, que hoje conta com 10 machos, 10 fêmeas e
três de sexo ainda não identificado. Desde 2007, já nasceram 25 aves no local,
o que faz, atualmente, o Programa de Reprodução de Harpias da Itaipu o maior do
mundo. “Sempre vamos ter animais em diferentes fases de desenvolvimento para
colocar no novo recinto, no momento estamos com três ovos sendo incubados por
dois casais”, acrescenta Wanderlei. A harpia é uma das três maiores aves de
rapina do planeta e existe em praticamente toda América Latina. Ela é
considerada em risco de extinção na América do Sul.
Reprodução e educação
De acordo com Wanderlei, o recinto foi criado para atender a duas
demandas principais. A primeira era a necessidade de ter um ambiente mais
espaçoso para os animais jovens poderem se exercitar. Com 534 m² de área plana
e altura de centro de 10 metros, o chamado recinto voadeira é considerado único
no mundo na exposição de harpias e permite às aves voarem em seu interior.
A estrutura é feita com alambrados metálicos e arames. Anexo a ela,
foi levantada uma edificação de alvenaria de 14 m² de área, usada como
transição para as aves. No interior, o paisagismo recria o ambiente natural
onde a espécie ocorre. Os poleiros guardam o ninho de cada animal. A construção
foi feita em seis meses sob a coordenação da Divisão de Infraestrutura e
Manutenção.
A segunda demanda era um desejo antigo das pessoas que visitam o refúgio biológico: o de apreciar este animal tão fabuloso. O novo recinto integra-se, então, à trilha ecológica do RBV, espaço voltado para educação ambiental. O zoológico é dividido em quatro setores didáticos que falam de cadeia alimentar, hábitos dos animais, tipos de ambientes e animais em extinção – este último espaço é onde estão expostas a onça-pintada e a harpia. “Os espaços falam das condições para o animal sobreviver. Se eles não têm alimentos, e não conseguem manter seus hábitos e perdem o ambiente onde vivem, correm risco de extinção”, conclui Wanderlei.
Texto: Assessoria Itaipu Binacional
Fotos: Assessoria Itaipu Binacional/Alexandre Marchetti
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