A
menos de 20 dias para encerrar o ano, Itaipu caminha para fechar 2015 com uma
produção um pouco acima dos 89 milhões de megawatts-hora (MWh) ante 87,8
milhões de MWh em 2014. Toda a energia produzida pela binacional em 2015
poderia atender o consumo de eletricidade da cidade de São Paulo durante três
anos ou, ainda, o Brasil inteiro por dois meses e uma semana.
A diferença em relação ao ano passado deve ficar em aproximadamente 1,3
milhão de MWh, ou 1,5% a mais. Só essa quantidade daria para abastecer uma
cidade de 600 mil habitantes, como Londrina, no Norte do Paraná. Ou, ainda,
30% de uma cidade do porte de Curitiba. Nesta segunda-feira, 14, a
produção de Itaipu chegou, às 9h30, a 84.708.676 MWh.
Vital para o setor
A energia de Itaipu continua sendo preponderante para o setor elétrico. O
diretor-geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), Hermes Chip, disse que,
a exemplo do que ocorreu em 2014 e 2015, a usina de Itaipu e as demais
hidrelétricas do Sul do Brasil vão assegurar o abastecimento de energia no
País em 2016, sem risco de colapso. O ONS é o órgão que coordena toda a
operação do setor elétrico brasileiro.
Segundo Hermes Chipp, Itaipu, principalmente, será fundamental para amenizar
os efeitos da seca na bacia do Rio São Francisco, na Região Nordeste. O
reservatório de Sobradinho zerou o volume útil em novembro deste ano. Com
base nas previsões meteorológicas, Chipp afirmou que “em 2016, não haverá uma
condição climática favorável do baixo São Francisco, de Sobradinho até a foz
do rio, ao contrário do cenário em Itaipu". E completou: “Vamos
transferir o excedente de energia de Itaipu para o Nordeste, pelo Sistema
Interligado Nacional (SIN), e não teremos problema nenhum no
abastecimento”.
Brasil e Paraguai
Para o diretor técnico executivo de Itaipu, Airton Dipp, a declaração de
Hermes Chipp confirma que Itaipu vem trabalhando de forma sustentável para
garantir o suprimento de energia dos sistemas elétrico do Brasil e do
Paraguai.
“Os dados de 2015 - tanto de produção, quanto de produtividade -, quando o
Brasil mais uma vez enfrentou escassez hídrica, mostram que o modelo de
gestão adotado em Itaipu este ano foi um sucesso”, disse Dipp. E será
adotado também em 2016, mas com uma expectativa ainda melhor do que neste
ano, já que El Niño, em relação às condições hidrológicas, deve trazer um
primeiro semestre na região melhor do que em 2015. Isso significa mais chuva
e, portanto, mais água de forma permanente.
Média de 93 milhões de
MWh
Apesar da escassez hídrica do biênio 2014-2015, a média de produção da Itaipu
dos últimos cinco anos está acima dos 93 milhões de MWh. Em 2013, com
condições hidrológicas mais favoráveis, excelente desempenho da usina e consumo
excepcional - Itaipu bateu seu próprio recorde e estabeleceu como marca anual
98,6 milhões de MWh.
Para
o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, a boa performance de
Itaipu comprova que investir em hidrelétrica é um bom negócio para o presente
e para o futuro. “O mundo inteiro vem discutindo formas para reduzir os
impactos e emissões de gases efeito estufa apontando com uma das saídas o
investimento em energias renováveis. O Brasil tem feito isso”, afirmou.
A geração de eletricidade, no País, é uma das mais limpas do planeta. Do
total da capacidade instalada, de 135 mil megawatts, apenas 26 mil
correspondem à energia produzida por usinas de termeletricidade, menos de 20%
do total. A hidroeletricidade corresponde a 66% da matriz elétrica brasileira.
Quando se verifica as usinas mais frequentemente despachadas, as que
efetivamente são utilizadas, este percentual se eleva ainda mais.
Produtividade
Além da produção, Itaipu teve outro ponto de destaque em 2015: a
produtividade. O bom desempenho é baseado em três indicadores, explica o
superintendente de Operação, Celso Torino. O primeiro ponto foi que, a
exemplo de 2014, a disponibilidade das 20 unidades geradoras deve ficar este
ano acima dos 96%. Já a indisponibilidade forçada das mesmas máquinas, índice
que mede o percentual de falhas técnicas ou humanas que não permitiram que as
unidades geradoras produzissem, ficará abaixo de 0,1%, considerada uma marca
excepcional.
Por último, o Fator de Capacidade Operativa, indicador que mede o grau de
aproveitamento da água na produção de energia, “apesar da indesejável
volatilidade dos volumes de água deste ano, ficará mais uma vez acima dos
97%”, diz Torino.
O superintendente de Operação conclui que “a combinação desses indicadores
reafirma a excelente performance operacional da hidrelétrica, resultado da
qualidade do seu projeto, da construção, da manutenção e da operação interna
e coordenada com seus principais parceiros, a empresa paraguaia Ande e as
brasileiras Eletrobras, Furnas e ONS”.
Itaipu atinge a operação acumulada de 2,31 bilhões de MWh
No dia 12 de novembro deste ano, a Itaipu chegou à marca histórica de 2,3
bilhões de MWh de produção acumulada e, ao final de 2015, atingirá 2,31
bilhões de MWh, volume que a mantém como líder mundial em produção de energia
limpa e renovável.
Toda essa energia foi produzida durante 31 anos e sete meses, a contar de
maio de 1984, quando a usina binacional começou a operar. Essa energia daria
para abastecer o consumo de eletricidade do mundo inteiro por 38 dias e dez
horas. Esse volume seria suficiente, também, para atender o consumo de
energia elétrica do Brasil por quatro anos e dez meses e a demanda elétrica
de uma cidade do porte de São Paulo por 78 anos.
Maior em produção
Os 2,31 bilhões de MWh mantêm Itaipu como a maior geradora de energia
elétrica limpa e renovável do planeta. Em segundo lugar, em produção
acumulada, aparece Guri, na Venezuela. Com início de operação em 1978, a
usina venezuelana produziu até hoje 1,3 bilhão de MWh. Em terceira posição
vem Grand Coulee, nos Estados Unidos, que opera desde 1941, com 1,2 bilhão de
MWh.
O quarto lugar é ocupado pela hidrelétrica russa Sayano-Shushenskaya, que
desde 1978 produziu 0,9 bilhão de MWh. No ranking, aparece na mesma posição a
canadense Churchill Falls, que desde 1971, produziu 0,9 bilhão de MWh. E a
chinesa Três Gargantas, maior do mundo em capacidade de equipamentos de
geração instalados, que iniciou operação em 2006, também gerou até agora 0,9
bilhão de MWh.
Participação no mercado
Itaipu responde atualmente por 16% de toda a energia elétrica consumida no
Brasil e atende mais de 75% do mercado paraguaio de eletricidade. Para Brasil
e Paraguai, sócios da usina, a produção de Itaipu é fundamental para a
infraestrutura energética, para a integração e para o desenvolvimento dos
dois países.
Cenários extremos em 2015
Em 2015, Itaipu viveu cenários extremos, com períodos em que o reservatório
recebeu água abaixo da média seguidos de duas grandes cheias. Nas duas
situações foi necessário agir com precisão e agilidade otimizando todos os
recursos à disposição, humano e técnico. Assim ocorreu no período de escassez
e depois quando a chuva chegou.
Graças à boa gestão de cheias, por exemplo, a primeira em julho e a segunda
nos dois últimos meses, foi possível formar um volume de espera no
reservatório, permitindo o melhor aproveitamento das águas. Mesmo produzindo
em carga máxima, Itaipu precisou verter por causa do fenômeno El Niño, que
trouxe mais chuvas a toda a Bacia do Rio Paraná.
Nas últimas semanas, a usina está com o reservatório cheio, em condições
plenas de atender o consumo de energia dos dois países, sócios do
empreendimento. A usina vem mantendo o vertedouro aberto, mesmo suprindo toda
a energia pedida pelo setor.
“Outro fato relevante em 2015 foi a capacidade de reação da usina diante de
picos de consumo ou de eventuais interrupções não programadas de oferta de
geração de outras usinas. A capacidade de potência da Itaipu é impressionante
e independente da questão energética”, diz Torino.
Ele explica ainda que a disponibilidade da Itaipu no verão de 2015 foi
fundamental para atender a ponta do consumo dos sistemas brasileiro e
paraguaio. E complementa: “Contar com a capacidade de resposta de uma usina
hidráulica e, portanto, rápida e não intermitente, com uma instalação nominal
de 14 mil MW, é um privilégio de poucos sistemas interligados nacionais do
planeta”.
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